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[Crônica] O doce encanto dos antigos papéis de carta


Uma coleção modesta para uma menininha dos anos 90. A quantidade não era importante, já que as condições financeiras não eram favoráveis. Ali o que importava era a magia que morava em cada desenho... Ela olhava, folheava, trocava, destrocava, sentia, cheirava, sonhava e vivia cada detalhe da arte impressa com o olhar atento e o coração aquecido. A pasta era envelhecida, os plásticos meio desgastados e alguns papéis amassados. 

Cada moeda era útil para alimentar a doce coleção... Juntava-se uma a uma... E, assim, o desenho preferido era paquerado pela menininha através da vitrine da papelaria. Quando tinha os trocados em suas pequenas mãozinhas, corria freneticamente pelo bairro, de bazar em bazar, em busca de novos papéis, os mais bonitos e que despertassem o olhar alheio, porém sem troca na maioria das vezes. Era um exibicionismo inocente, uma busca constante de imaginação infantil, pois olhar aqueles desenhos era mergulhar neles e viver cada detalhe como se a criança fosse parte integrante daquele universo artístico. Ter um papel de carta desejado era a mais pura ostentação.

 As amiguinhas da escola e do prédio tentavam convencê-la a trocar e a doar alguns papéis de carta, mas ela nem sempre cedia. Era divertido e prazeroso reunir as amigas para que juntas olhassem aqueles papéis e também para que pudessem despertar uma certa inveja. "Eu tenho, você não tem, eu sei que deseja trocar comigo, mas eu não troco". Não era um simples olhar. Era uma espécie de leitura encantada: as cores eram soletradas, as formas do desenho narradas na mente, a história de cada papel...  imaginava-se a quantidade de trocas que cada papel tivera, como cada dona cuidara dele. Renovar a pasta era divertidíssimo: tira, põe, negocia, renegocia... Às vezes era possível recuperar um papel há tempos trocado. Parecia que ele voltava diferente, com uma outra roupagem. (tinha histórias para contar). Isso tudo é  maluquice pura! Saudades. 

O enamoramento na vitrine era algo frequente. A  tia do bazar até reconhecia o olhar de felicidade da menininha quando o papelzinho  desejado há tempos era enfim comprado. Vendedora e cliente pareciam cúmplices e amigas por alguns minutos. Após comprar a sua arte desejada, ela saía radiante pelas ruas do bairro e voltava para casa com medo de perder o novo item da humilde coleção. E se chovesse? E se a nova aquisição caísse no chão e o vento levasse embora? 

O tempo voou e as memórias continuaram firmes na árvore do encantamento. As folhas mágicas dessa árvore ainda dão frutos quando alguns desenhos ainda saltitam para fora... Esses desenhos invisíveis são insights poéticos que ainda insistem em revisitar a menininha. Nostalgia sim, vivências tão doces e prazerosas naquele universo infantil dos anos 90. Direto do túnel do tempo. Direto da alma. 

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Um vídeo da coleção:




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Este post faz parte de uma blogagem coletiva do grupo Rotaroots, uma turma linda  que se reúne em nome de uma blogosfera por amor, sem regras, criativa e mais autoral.


Tema de julho / 2019:



[crônica] As mentiras que nos contam


Cuidado, pois se você arrancar um fio de cabelo branco, nascerão outros quatro no lugar! Se você escutar o disco da Xuxa de trás para frente vai escutar a voz do capeta! A boneca Xuxa está possuída e vai apertar o pescoço da sua filha durante o sono. Não compre essa boneca! Se você não comer, o bicho papão vai vir te pegar! O homem do saco vai colocar você dentro do saco grande dele se você não obedecer o papai! Quem  já ouviu essas frases em algum momento da vida??!   Mentiras de vários estilos que bombardeiam o nosso dia a dia desde a nossa mais tenra idade. 

Quando eu era criança, ouvia certas mentiras em várias situações do cotidiano, algumas inocentes,  outras nem tanto.  Confesso que algumas vezes eu ficava impressionada, principalmente com o lance da "Xuxa encapetada", já que eu era fã dela e não perdia nenhum  show da Xuxa. Ainda bem que a minha cabeça era muito boa e eu sempre fui questionadora desde pequena, então essas mentiras logo eram desmontadas por mim mesma. Eu pensava "Estão dizendo que o disco da Xuxa é do capeta, mas eu sei que isso não tem nada a ver. Não pode ser!"  As pessoas reproduzem mentiras que são passadas de geração em geração, isto é, internalizam frases sem questionar a veracidade dos fatos. E com isso somos invadidos por uma enxurrada de mentiras que parecem não ter fim. Uma mentira emenda a outra e quando vamos ver, nos disseram mais mentiras do que verdades.

Até na escola somos vítimas de mentiras. Quem não cola não sai da escola? Todo mundo já colou pelo menos uma linha na vida. É claro que eu não sou a favor da cola, até porque sou professora da rede estadual de ensino, mas acredito que até num momento desesperado de cola há a oportunidade de aprendizado. Em todo o meu percurso estudantil, confesso que precisei recorrer à cola em provas de Física e Química porque eu não conseguia memorizar aquelas fórmulas difíceis (na minha época o ensino era tradicional, então imaginem todo dia aquela decoreba chata em todas as disciplinas). E não temos apenas esse exemplo da cola não! Na escola, as mentiras rolavam soltas todos os dias. Lembra daquele colega que queria te sacanear e mentia com a finalidade de fazer você passar por trouxa na frente dos outros coleguinhas? E aquelas desculpas que os alunos danados davam para a professora sobre os trabalhos que eram esquecidos na mesa, lições de casa que o cachorro havia comido sendo que a pessoa não tinha nem cachorro em casa, mentiras em relação a doenças só para poder fazer a prova no dia seguinte... Ah, escola! Você deve ter muitas histórias para contar desse tempo, não é mesmo? 

E também há aquelas mentiras intencionais que já falamos pelo menos uma vez na vida, por exemplo quando você visitou sua amiga e ela te ofereceu um bolo ruim demais e te perguntou se estava gostoso. Você soltou um SIM mentiroso para não magoá-la. E aquele colega que diz "Claro que eu ouvi o que você disse!", mas na verdade ele não ouviu nem 10% porque ele estava com a cabeça baixa, ocupado demais lendo as mensagens do Whatssap e você ficou falando sozinho 90% do tempo porque as redes sociais parecem ser mais importantes do que a atenção humana calorosa e o olho  no olho que mostra que você está sendo entendido de verdade.  Saudades dos velhos tempos? Meu amigo, eu preciso te dizer que isso é só uma prévia do que virá pela frente. Daqui a alguns anos, as pessoas vão andar curvadas por causa desse vício chamado "celular". Olho no olho será coisa do passado e você vai desejar ardentemente ser notado ou talvez nem sinta mais falta desse tipo de contato humano.

Nossos pais são exemplos vivos disso dessa papagaiada de mentira! Lembra quando a campainha tocava e a sua mãe estava toda descabelada ou com preguiça de receber visita e cochichava no seu ouvido para você atender e dizer que ela não estava?  Ou quando o telefone tocava e era aquele colega chato e seu pai pedia para você falar para o tal colega m que ele não estava em casa.  "Filho, eu volto logo, não precisa chorar!", lembra dessa doce fala materna que te acalmava tanto naquele momento de desespero???? A intenção era boa, mas infelizmente a espera parecia não ter fim e o seu coração ficava apertado demais!  "Filhinho, vovô virou uma estrela lá no céu!" E você acreditava tanto nisso, procurando-o todas as noites no céu infindo de estrelas. "Cadê você vovô?Por que não pisca para mim?", você perguntava, desesperado e ansioso, todas as noites  por um avô que nunca mais voltaria.  Está tudo bem! Essas mentiras não te fizeram mal algum, afinal, mamãe e papai te amavam tanto que jamais teriam a intenção de ferir seus sentimentos. "Querida, a injeção não vai doer nada, tá?" Mais um vez você acreditava e se submetia às mãos desajeitadas daquela enfermeira louca para te espetar. Sim, doeu! E muito... "Filhinho, se você tirar dez na prova, o papai noel vai deixar um super presente para você na noite de Natal!" Que legal era sua melhor exclamação diante dessa promessa.  Então começava a sua saga do estudos intermináveis  para ganhar o referido presente. "Que linda essa lembrancinha do dia das mães, meu filhinho!" Mas na verdade a sua mãe achou horrível aquela lembrancinha feita por você.  E a grande verdade é que ela só colocou o seu presente desajeitado e mal pintado  na estante para você não ficar chateado.

A sociedade, diariamente, nos faz acreditar em suas mentiras  fantasiadas de verdade. É só ligar a TV e assistir às inúmeras propagandas comerciais para se sentir bombardeado. A sua vida parece que vai mudar se você adquirir aquele shampoo da marca tal, se você comer tal coisa, se você vestir isso e aquilo. Parece que a sua vida será perfeita se você for linda como a Gisele Bündchen ou encontrar um príncipe encantado igualzinho ao Brad Pitty. Ninguém nos diz que relacionamentos perfeitos simplesmente não existem! Era lindo e mágico acreditar nos contos de fadas, mas acontece que crescemos e nem sempre amadurecemos, pois muitos ainda estão à espera de milagres diários, desejosos de um encontro com uma fada madrinha pronta a realizar todos os desejos, dos mais simples aos mais mirabolantes. Seria incrível se tivéssemos uma fada madrinha disponível ou um gênio da lâmpada concedendo no mínimo três desejos, mas infelizmente a realidade nos põe no chão e precisamos ir à luta para alcançar os nossos objetivos. A verdade é que nem todos nos dizem que as coisas não vem embaladas e precisam ser conquistadas com muita garra, pé no chão e sem deixar de sonhar, pois o dia que você decidir matar os seus sonhos, você simplesmente  não terá forças para lutar. Saiba que lutar incessantemente por nossos sonhos nos enche de entusiasmo e nos faz crescer com dignidade.  Os sonhos são os combustíveis da alma, acredite nisso! É a  mais pura verdade... 

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Esse post faz parte do projeto Escrita criativa um grupo que estimula a produção de textos criativos. O tema do mês de abril é "As mentiras que nos contam"


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[crônica] Coleção de tentativas



Atire a primeira pedra quem nunca fez coisas ruins. Não estou me referindo ao contrário de bondade. O texto não tem nada a ver com caráter: quem é mau, quem é bom ou quem fica em cima do muro sem saber se vira anjinho ou capeta. Refiro-me às inúmeras tentativas que colecionamos em nosso histórico como sobreviventes dessa loucura toda que é a vida terrestre. Se existe vida em outros planetas, certamente os ETs devem rir de nós,  pensando no nosso amadorismo e em nossas trapalhadas, afinal, colecionamos mais erros do que acertos, não é mesmo? Oras bolas, que riam até a barriga doer! 

Sabe aquele primeiro arroz que você fez? Ruim demais! E aquela lição de matemática que você se esforçou tanto para fazer e chorou quando o professor esfregou a nota na sua cara?  Igualmente ruim! E aquelas cartas de amor que você tentou escrever para o seu amor platônico? Até hoje você se lembra das inúmeras bolinhas de papel que você arremessou desvairadamente ao seu redor, em um acesso de desespero de dar dó, deixando o seu quarto ruim demais para caminhar... Aí sua mãe entrou no seu universo particular  e mal conseguiu chegar até você porque as bolinhas de papel poluíram tudo e ela quase tropeçou. A bela intrusa chamada " Mãe" entra e te faz sentir um completo idiota apaixonado. "Por que eu não tranquei a porta?", você se pergunta. E para a sua surpresa, ela te olha em silêncio e sai. Ela provavelmente não deve ter entendido nada ou deve ter entendido tudo. Nós subestimamos as mães. Muitas vezes elas se calam para que possamos viver sozinhos aquilo que precisamos viver sem interferências. Há coisas que não precisam ser ditas. Há coisas que precisam ser resolvidas apenas pelo nosso coração e por ninguém mais. 

As pessoas não possuem o hábito de refletir sobre como as coisas ruins fazem parte do processo de aprendizado de suas vidas.  Às vezes, a gente precisa fazer coisas ruins pra ter resultados bons. Só que na ânsia de acertar, não valorizamos os tropeços e os resultados ruins. E por que valorizá-los? Simplesmente porque eles representam a nossa trajetória, a construção do  que somos hoje, do que queremos e do que podemos ser no futuro. Já parou para pensar se a vida fosse feita somente de acertos? Será que existiria o sabor da vitória? Os nossos tropeços nos colocam cara a cara com o que somos. É uma oportunidade que a vida nos dá para olharmos no espelho e analisarmos como as coisas estão indo.  

Colecionamos coisas ruins, desde aquela letra espalhafatosa da pré-escola até aquela maquiagem feita às pressas porque o seu filho te puxou para brincar e você pensou "A vaidade pode esperar, agora vou dar atenção para o meu filho".  E se existisse uma caixa para guardamos nossa coleção de tentativas, como ela seria? Ah, tenho certeza que essa caixa seria rica em detalhes e arrancaria sorrisos se pudéssemos apreciá-la sem julgamentos, sem separar os conteúdos em "isso vai para a gaveta do que é certo" e "isso vai para a gaveta do que é errado". Não precisamos criar categorias porque nossa coleção de tentativas mescla o certo e o errado no mesmo balaio. Pelo menos houve a tentativa, não é mesmo?  Não se julgue tanto e não se sinta horrível porque os resultados não foram bons. Como você poderia adivinhar? Livre-se desse peso terrível que é se achar a pior pessoa do mundo pelas escolhas feitas e tentativas mal sucedidas. Aprenda a observar o seu próprio corpo e ressignifique sua vida. Por quê? 


Porque o corpo fala. Pode parecer estranho, mas as respostas que precisamos, muitas vezes, aparecem como sintomas. Aquela dor de cabeça insuportável sempre que você tem que acordar cedo para trabalhar naquele emprego detestável, aquela dor abdominal que não passa sempre que você se estressa com algo ou alguém,  aquele mau humor que avassala sua vida depois de uma semana turbulenta e tantas outras situações que não caberiam aqui. O fato é que ignoramos os sinais do corpo. E às vezes do coração também! Por que não nos atentamos a essas coisas ruins que nos assolam e que podem nos levar a momentos de reflexão para um bem maior? Comodismo? Medo de largar o certo pelo duvidoso? Medo da vida ou de enfrentarmos nossos próprios dilemas? 

E vamos adiando... E o corpo continua falando... Primeiro ele sussurra em nossos ouvidos! Esses primeiros sinais são tão suaves que nem os notamos. Depois do sussurro, vem uma fala insistente em forma de sintomas que vem e vão. Continuamos a ignorar, só que o corpo sofre as mazelas dessa linguagem. Por quê? Simplesmente porque depois da fala vem o grito. Sim, o corpo se desespera e grita porque precisa de mudanças e/ou cuidados de forma urgente. Você é capaz de ouvir? Ou está cego(a) diante de si mesmo(a)? Esses gritos são o desespero da alma que saltaram para fora em forma de doenças. Não percebemos que a alma está falando através do corpo. Achamos que o corpo está doente por acaso, mas ele suportou demais nossas negligências, aguentou tanto que chegou o momento de explodir.  Agora é hora de você se comunicar com você mesmo(a). Olhe-se no espelho e busque as respostas que tanto precisa analisando-se, amando-se e principalmente, reconstruindo a própria história se a sua alma solicitar isso. 


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Este post é uma blogagem coletiva do + QP (Mais que palavras), um grupo para nos desafiarmos quanto à escrita, estimulando a nossa criatividade. Cada blogueiro deve criar um texto seguindo o tema do mês de MARÇO: "Às vezes, a gente precisa fazer coisas ruins para ter resultados bons"  Para ver o meu post de fevereiro, clique aqui. Confira outras postagens do tema em outros blogs:



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[crônica] O que a primavera me lembra

Quando eu era criança,  a palavra primavera era motivo de piadinhas. "A prima Vera já chegou? Vieram os outros primos também?" E todos rachavam o bico. Coisas de criança! E aquele papel higiênico da marca Primavera?  Esse marcou muito a minha infância por causa dos comerciais e da mascote, uma bonequinha muito fofa. E o jingle? "O que há de melhor, só pode ser papel primavera". Eu me divertia com esses comerciais dos anos 80, alguns com efeito especial tosco, outros com musiquinhas pra lá de bregas, mas enfim, era "o que tinha para ontem". De fato a imagem que eu tinha da primavera  era de uma figura feminina: ora de uma prima estranha que chegaria, ora de uma bonequinha com uma cesta de flores na mão. 

Hoje em dia, adulta e cheia de primaveras nas costas, posso dizer que essa estação é muito especial, um desabrochar que começa dia 23 de setembro e termina no dia 21 de dezembro, mas que pode perdurar a vida inteira se soubermos entender  as  mensagens dessa prima cheia de flores no cabelo trançado, vestido esvoaçante floral e uma grande cesta nas mãos. Ela esparrama flores por todos os lados enquanto canta, dança Vivaldi e sorri. Cecília Meireles já dizia algo mágico acerca da bela Primavera:  "(...) e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz (...)"

Tantas canções maravilhosas já retrataram a nossa querida Primavera! Como dizia Tim Maia, "É primavera! Te amo, meu amor! Trago essa rosa... para te dar. Hoje o céu está tão lindo". Ah, Tim, eu entendi a sua mensagem: regue esse amor com a água mais pura que você encontrar, pois o tempo está propício para isso, não é? O céu está tão lindo e você não tem coragem de levantar o rosto e apreciar tamanho espetáculo?  E a Vanusa em seu hino às manhãs de setembro parecia conversar com Tim. O eu lírico da canção  não via as flores de setembro por estar enclausurada  na tristeza de seu ser, tampouco percebia a magnitude do sol que parecia sorrir eloquente nas manhãs de setembro. E, de repente, ocorre um insight em sua vida: a necessidade de sair, de cantar, de falar e de ensinar... de simplesmente viver... Chega de se fechar em seu próprio mundo empoeirado! Por quê? Setembro inspira, as flores parecem conspirar a nosso favor, convidando-nos a assistir o sorriso solar, a beleza simples da vida que irradia se quisermos ser irradiados...

Esse sol maravilhoso é retratado por Beto Guedes, em sua canção "Sol de primavera". Quando a primavera chegar com o seu esplendor, seria sensacional o brotar do perdão junto às flores. Uma nova canção que o vento traz, que o sonhar traz... Para ver esse sol glorioso de primavera é necessário abrir as janelas do coração e querer aprender as lições da vida... não basta saber, é preciso estar em sintonia, é necessário que essa aprendizagem vibre em você e faça sentido.

E escrevendo sobre a primavera, percebo que a vida é muito mais do que flores pelos campos ou flores imaginárias que agarramos junto ao coração. A vida é o florescer como a primavera sugere, mas também é o murchar do inverno,  o renascer do outono e um sol que nos mostra que amanhã é um outro dia a cada verão que aparece. Aproveite cada segundo do seu dia, inspire-se nas canções que o vento traz, feche os olhos e ouça Vivaldi em cada passo que der... É o Spring de Vivaldi espalhado pelos ares para que as flores se abram com muito mais alegria. E que saibamos aproveitar as nuances de cada estação... Até no cinza que o inverno revela há uma beleza estonteante. Só precisamos olhar os detalhes com os olhos de dentro, sem pressa alguma, então voilà.







Este post faz parte de uma blogagem coletiva do projeto Blogs que interagem,  um grupo que cria e realiza projetos, tags e postagens  interligadas. O objetivo é  criar  um conteúdo mais dinâmico, conhecer  novos blogs e o principal: interagir com eles. 


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[Crônica] Daquilo que aprendi sobre a vida



Pode parecer óbvio, mas não é: olhar nos olhos, observar detalhes da pessoa amada, cuidar, amar e se permitir viver aquele momento intensamente como se o mundo fosse acabar amanhã...  Muitas vezes não valorizamos a pessoa que está ao nosso lado e não damos a elas o nosso melhor, seja por medo de se entregar, seja pela correria do dia do dia ou por quaisquer outros motivos que nos impedem de mergulhar no relacionamento. Aprendi que não devemos deixar para amanhã aquele mimo especial, aquele beijo mais intenso, aquele aconchego delicioso que requer uma intimidade mais profunda (como se você despisse o corpo e a  alma), enfim, aquela forma de se entregar sem reservas. Se vai dar certo? Não temos um sensor que revela o futuro, oras, apenas viva! Só vivendo e se permitindo entrar na vida de alguém e deixando o outrem entrar em nosso coração -  de verdade, sem joguinhos, sem desculpas, sem medo de ser feliz - para descobrir se vai dar certo ou não. E se não der certo? Levante a cabeça e siga em frente. Enquanto você se contrai com medo de se entregar, perde a oportunidade de viver uma  grande história de amor.

Aprendi a dizer "não" na casa dos vinte e poucos anos. Antes eu tinha receios de usar essa palavra e magoar o outro, mas o que acontecia, afinal? Eu me magoava porque dizia "sim" sem querer dizer. Isso é péssimo porque a  sua autoestima vai para o ralo, já que você anula as próprias vontades e deixa de mostrar a sua real personalidade, aquela que é reveladora de suas convicções, decisões, enfim, o que você quer ou não quer naquele exato momento. E não é só isso: às vezes você até quer fazer tal coisa, mas naquele momento você está sem tempo ou não pode por outro motivo.  Vou dar um exemplo da época da minha infância. Eu fazia desenhos amadores na escola, porém interessantes, caprichando nas capas dos trabalhos, usando a criatividade em um detalhe aqui, outro ali... E  algumas colegas de salas, encantadas com os desenhos, pediam que eu fizesse alguns para elas. Eu não sabia dizer não e acabava fazendo tais desenhos, mas eu ficava cansada por serem muitos a fazer. O meu lado emocional,  imaturo e regado à timidez, me deixava travada. Crianças têm dificuldade em dizer não. Aos poucos fui mudando e, hoje em dia, quando eu definitivamente não quero fazer tal coisa, digo não. É simples, não dói e faz parte da vida.  Dizer não é libertador, faz um bem danado. Dizer "Não" não quer dizer que você não ama quem ouviu o seu não, mas sim que você precisa se impor (caso contrário, muita gente poderá abusar de sua boa vontade).

Cuidado ao desabafar! Nem todos querem o seu bem. Custei a acreditar nisso, até que as decepções vieram. Por incrível que pareça, eu tive a minha fase ingênua demais, chegando ao ponto de achar que todos gostavam de mim e queriam o meu bem. Algumas pessoas não torcem para que você alcance o sucesso, no fundo torcem para você se lascar, cair do cavalo ou qualquer expressão que remeta a isso. É horrível pensar assim, mas é a pura verdade. Como saber? Aos poucos você descobre quem realmente se importa com você: pelos gestos, pelas palavras, pelo carinho que paira no ar... simplesmente você sente a energia do bem que a pessoa emana para você. E é tão maravilhoso perceber que alguém torce pelo seu progresso, é uma sensação de paz saber  que ainda existem pessoas do bem por aí. Ufa!

Não existe receita pronta para o que você deseja. É preciso  lutar, descobrir sozinho(a), na raça mesmo, não tem truque, não tem passo a passo infalível. Você pega um exemplo aqui, uma inspiração ali, arregaça as mangas e parte para a ação. Somente durante as ações e analisando as consequências, você será capaz de perceber as nuances do que você deseja e se aquele sonho realmente é para você. De repente, no meio do caminho, você pode sentir vontade e/ou necessidade de mudar o trajeto.  Ok, não precisa se sentir culpado(a) por isso, pois as pessoas  mudam, você mudou! Uma hora a gente se acerta.

E por último, perdoe-se! Chega de viver com culpas... Todos erram e você não é diferente! Precisamos de leveza para seguir em frente, algo tão simples, mas infelizmente as pessoas estão imersas na correria que lhes tira o ânimo, tornando-as pesadas e desesperadas para desabafar (infelizmente reclamar, na maioria das vezes) Em alguns momentos, sinto-me pesada como um chumbo devido a tantas tarefas para cumprir, mas me permito parar tudo, ligar o “foda-se” para os problemas que não posso resolver agora,  e realmente refletir, numa espécie de meditação descomplicada, em pé mesmo, sem rituais: "O que estou fazendo da minha vida? Vale a pena viver feito um chumbo?" Sempre que eu paro para pensar (e é um pensar demorado, intenso e emocionado), durante essa comunhão comigo mesma, tenho insigths maravilhosos que me permitem respirar fundo e me sentir mais leve, ter ideias e inspirações para coisas que eu de fato estava precisando.  Isso acontece porque você dá um stop  para se olhar, para se perceber, para acariciar a sua alma que parecia estar jogada em meio ao caos do dia a dia.  A leveza que surge  oscila conforme  os problemas vem e vão, de acordo com o cansaço que chega dominando e te pega despreparado(a) emocionalmente, então isso deve ser  um exercício semanal (quem dera conseguir fazer isso diariamente). Sinal de estafa mental na área? Pare tudo e reflita, ressignifique o mesmo caminho ou mude a rota e veja o que acontece.

 

                       

Esse post faz parte do projeto Escrita criativa um grupo que estimula a produção de textos criativos. O tema do mês de setembro é "Daquilo  que eu aprendi sobre a vida"

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