[divagações] Se eu fosse criança...



Se eu fosse criança, correria até a exaustão, cansada porém sorrindo... escorregaria, rolaria, machucaria o joelho, sem medo dos obstáculos. Chegaria em casa e a mamãe passaria gelol ou mertiolate. Claro que eu choraria e correria para o banheiro (como se fosse possível fugir dentro da própria casa), mas mamãe me pegaria pelo colarinho do vestido e cuidaria do dodói com zelo, com aquele amor incondicional e o mais sincero possível.  Eu me renderia a essa enfermeira maravilhosa que toda criança tem durante as vinte e quatro horas que o  dia nos presenteia. Ah, e depois daria muita risada junto com ela, olhando para o curativo torto, desajeitado, mas feito com muito amor. Contaríamos histórias durante o tal tratamento. Papai chegaria depois com suas piadas. 

Se eu fosse criança, ficaria com o rosto todo melecado de sorvete. E pediria bis! Comeria doce sem neuras... Comeria alguns doces sem que papai ou mamãe pudessem ver. Comilança às escondidas é o que toda criança faz de vez em quando, ora bolas! Assaltaria a geladeira de madrugada, na ponta dos pés para ninguém de casa acordar. Ah, e comeria chocolate com sorvete e o que mais eu quisesse, faria uma gororoba daquelas! Ficaria toda encolhida atrás da cortina... Um doce refúgio para sonhar com tantas coisas, enquanto isso o sorvete escorregaria e melaria todo o pijama e eu nem ligaria. Aproveitaria esse momento proibido para cantar baixinho, saboreando o chocolate bem devagar, derretendo na boca e melecando as mãos sem me preocupar com as lições de casa, com os trabalhos de escola para fazer, deixando a mente divagar por universos encantados. A imaginação  seria tão fértil para inventar desculpas para a mamãe no dia seguinte! Isso mesmo, diria algo sobre a meleca no pijama, de modo criativo e divertido e faria a mamãe rir e me perdoar minutos depois. Ali no esconderijo, rolaria muito doce, muitos sonhos, muitas brincadeiras e muita cantoria sem me preocupar com o desafinamento... Eu não teria vergonha de cantar para mim mesma. E eu não teria preguiça de criar cenários para as minhas bonecas (jogadas em um cantinho de propósito, como se eu adivinhasse que acordaria de madrugada para assaltar a geladeira e quisesse cúmplices para as minhas peraltices ali atrás da cortina) 

Se eu fosse criança, daria um abraço apertado em cada pessoa que passasse por mim, sem me preocupar com falsidade ou hipocrisia, sem ficar envergonhada com a reação de quem recebesse tal carinho, sem pensar em nada,  apenas desejando um aconchego pleno, de cinquenta segundos,  um minuto ou quanto tempo fosse necessário... Simplesmente daria um abraço pelo conforto que ele traz. 

Se eu fosse criança, deixaria o encanto dominar  o coração das pessoas: pelo meu olhar, pelas minhas palavras, pelas minhas brincadeiras criativas, pela imaginação pairando no ar e inspirando os adultos  a serem imaginativos também. Desejaria com amor  e do fundo da minha alma que todos os seres vivam em paz, felizes e plenos relembrando a doce infância que um dia tiveram.

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Esse post faz parte do projeto Escrita criativa um grupo que estimula a produção de textos criativos. O tema do mês de outubro é "Se eu fosse criança"


Espero que tenham gostado e até  o próximo post!

2 comentários:

  1. Nossa me identifiquei com o seu texto!! Está muito bom, parabéns!
    Acho que seu eu fosse mais criança ainda eu faria essas coisas e até pior kkkkk

    Bjaun :*

    http://ninamydog.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Olá, Jhenifer, tudo bem? Feliz demais em saber que você gostou e se identificou com o texto. Eu era uma criança mais quietinha. Se eu pudesse voltar no tempo, seria mais serelepe...hehehhehehe... Bom demais, né? Beijos

      Excluir

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