Poema metalinguístico: Borbulhante de Flora Figueiredo

O poema de hoje é da poetisa Flora Figueiredo, intitulado "Borbulhante". Adoro poemas metalinguísticos e esse da Flora é simplesmente inspirador. 

Quem me conhece de verdade sabe que sou apaixonada por poemas, pois sei que eles são capazes de nos transformar em vários sentidos, dando um toque de magia quando o dia está cinza. A poesia mais transformadora é aquela que  sensibiliza a nossa alma e revela um novo "olhar" para detalhes que antes eram inimagináveis para nós. E o mais perfeito: a cada releitura, encontramos e reencontramos outros sentidos, novas diretrizes, sabores e tons. 

A palavra transforma e aquece, tem o seu "quê" de  reconforto mas também gera o seu caos interior, nos impulsiona às buscas, aos apelos, aos sentimentos mais divinos, revigora e também desconsola. 

E assim vou colhendo poesias para o meu íntimo, sempre admirando a arte alheia e colecionando essas alegrias indescritíveis. Ao ler a poesia colhida, enfeito o meu dia, acrescentando a ele mais mel ou mais fel (e isso realmente vai depender de como meu espírito vai acolher as palavras naquele determinado instante de leitura mágica)

BORBULHANTE
(Flora Figueiredo)


Guardei meu poema dentro de uma bolha de sabão.
como não ficar seduzida 
pela  circunferência lisa e transparente,
onde o arco-íris passeia docemente
e morre de amores pela espuma colorida?

Acomodado na nova moradia,
o poema suspirou e adormeceu.
Quando acordou, já não mais me pertencia.

A bolha de sabão se deslocara
e o poema apaixonado que eu criara
descobriu de repente que era teu. 


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