Falar sobre o
meu percurso literário é um grande desafio e ao mesmo tempo um prazer
indescritível, já que os primeiros contatos ocorreram antes da fase escolar,
quando eu nem sabia ler e escrever. Ouvia histórias na televisão, no rádio e
por intermédio de amigos e familiares e sempre ficava instigada em imaginar
cada detalhe, cada palavra dita. Minha mente divagava por universos tão
diferentes do meu que eu sentia uma grata surpresa a cada enredo que surgia. Um
a um, os novelos dessas tramas se desenrolavam no mundo de uma criança
sonhadora.
A enorme
coleção de gibis da turma da Mônica, adquirida de segunda mão, foi um doce
presente materno que tive o privilegio de ter. Minha irmã e eu venerávamos os diálogos e os desenhos, os absurdos e
as maravilhas que aquelas personagens nos apresentavam. Com certeza,
analisando a raiz do processo leitor em minha vida, percebo que as pequenas
coisas tornavam-se grandes: uma página se transformava em uma gigantesca parede
animada ou uma simples frase passava a ser uma nova história.
A simplicidade
da minha realidade externa mesclava-se à riqueza que se instaurava em minha
mente, durante a motivação nas trilhas da leitura e nas malhas da imaginação.
Era como se a cada leitura eu voltasse sempre renovada, mais feliz e repleta de
ideias apenas porque as histórias existem. Simples assim!
Momentos de
devaneio. Sensibilidade aguçada. Curiosidade enorme. Livros de adulto na
estante?! Lá estavam minhas mãozinhas, trêmulas, pedintes de um primeiro contato.
E com nove anos de idade, mesmo sendo apaixonada pelas tramas infantis, queria
descobrir como eram os livros dos adultos, aqueles que pesavam nas estantes e
ficavam sempre na prateleira mais alta. Então, cansada de ouvir que livros de
adulto não podiam ser lidos por crianças, um dia percebi que as minhas mãos
tremiam muito (pelo proibido) ávidas para descobrirem página por página. Cristiane F, drogada e prostituída, de
Kai Hermann e Horst Rieck. Esse foi
o primeiro livro proibido que minhas
mãozinhas atreveram-se a tocar. Lia e não entendia algumas palavras, então o
dicionário foi o meu fiel companheiro nessa aventura, já que eu queria entender
a obra. Sem preguiça de folheá-lo, lá estava eu, tão pequenina, chocada com
aquela história de vida e ao mesmo tempo feliz em saber que minha visão de
mundo estava crescendo. Eu estava contente por entender que aquela leitura proibida não contaminara a minha
infância, o meu jeito de brincar e muito menos a inocência querida que adornava
os meus dias. Durante a leitura, prometia a mim mesma que nunca usaria drogas
em minha vida, pois não queria ter o mesmo destino da protagonista.
Muitos outros
exemplos poderiam ser citados, mas não caberiam detalhes aqui. São experiências e brincadeiras ligadas
à literatura, tais como: escrever histórias com ilustrações, organizá-las em
formato de livro e mostrar uma a uma aos meus conhecidos. Sinto saudades dessas brincadeiras pueris em que a leitura era a minha melhor amiga. Memórias tão doces que ainda revisitam os meus sonhos com o mesmo frescor de outrora...
Espero que tenham gostado e até o próximo post!

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